domingo, 27 de julho de 2014

JANELA PARA O DIA
Algo sonoro me acena
e todo meu corpo se eriça
quando ao fundo do horizonte
severo me olhas severo
como um deus ofendido.
Algo mais do que minhas heranças
familiares levanta-se
do verde gramado de sonhos
onde pastam meus ontens.
Mais me alveja o silêncio
em livre descobrimento.
Sou todo uma selva de hábitos
e nada sei que outros lábios
já não tenham dito ou tentado.

No aglomerado dos dias
me detenho objeto de assalto.
Ponho as mãos sobre meu rosto
cego para a verdade que está
no chão debaixo de meus olhos.
Não aos céus. Não às águas.
Não à terra impossuída. Ao
sangue só ao homem
debito o que tarda.
E me guardo inconverso
ao poder do desconhecido:
não há magia em saber-se
passado e futuro nem.
 
MATTOS, FlorisvaldoSonetos elementares: uma antologia.  Ilustrações de Fernando Oberlaender.  Salvador: EPP Publicações e Publicidade, 2012.  94 p. ilus.  Orelha escrita por Myriam Fraga. Inclui foto do autor, por Márzia Lima.  ISBN 978-85-98866-33-9  Carmurê Publicações – apoio Banco Capital.  Tiragem 1000 exs.    Col. A.M. 

Um comentário:

  1. O que vocês entenderam do texto? O que vocês sentiram quando leram este poema? Por que prefiram este e não outros? etc.

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